Girl Power

Fim de Novembro de 2021. Um domingo particularmente quente.

Neste bonito e ensolarado dia 21/10, a Pista de Skate da Restinga (Porto Alegre-RS) recebeu a primeira edição da Session das Gurias, um evento organizado pelos coletivos Girls Skate Power e Sk8 Eco-Village. Foram meses de preparação, captação de patrocínios e apoios, muito tempo e energia empregados para que tudo desse certo, para que fosse realizado um evento pelas gurias, para as gurias!

E isso tudo gratuito para as competidoras: desde as inscrições, uma van de ida e volta do centro da cidade até a pista, almoço, água, até lanches. E muitos prêmios. Mas uma  premiação generosíssima, para ninguém botar defeito!

Toda essa introdução foi para ilustrar o ponto do que quero conversar com vocês desta vez: a força com que o skate feminino vem vindo. E não falo somente do rolê delas, que certamente vem evoluindo exponencialmente, mas principalmente da união e organização que elas estão demonstrado.

Escolhi este evento como exemplo por ter sido feito por uma crew aqui da minha cidade e eu ter podido presenciar a festa que foi.

Mas poderia tranquilamente ter usado vários outros eventos que acompanhei de longe (pela distância física desse nosso país enorme), virtualmente, como alguns dos campeonatos organizados pelas Batateiras ou pelas Divas, que são outros coletivos femininos de skate muito ativos e que estão sempre no corre.

Existem espalhados por todo o Brasil muitos outros coletivos que eu tenho acompanhado pelas redes sociais, e que se eu tivesse que elencar aqui, certamente iria passar vergonha por ter esquecido alguns. Fora do país também existem essas crews, mas vamos focar nas nossas aqui. Support Your Locals! Para quem não conhece, ou não sabe bem o que são e o que fazem estes coletivos ou crews,  comecem seguindo as contas no Instragram destes coletivos que citei aí acima, acompanhem os stories, os reels, as fotos. É um bom primeiro passo.

Também há um filme muito bom, que retrata um pouco deste universo dos coletivos femininos de skate: The Skate Kitchen (EUA, 2018). Não vou fazer aqui uma sinopse do filme para não me estender muito, mas ele foi tão bem aceito que chegou a render um spin-off: a série Betty, transmitida pela HBO, com as mesmas meninas (que são realmente skatistas na vida real), e teve duas temporadas.

Procurem esses títulos por aí, vale muito a pena assistir!

Mas voltando ao ponto: os coletivos femininos de skate e sua importância tanto para as meninas que já andam quanto para as que estão começando.

Estes coletivos são, para muitas skatistas, um porto seguro, um lugar para aprender a andar de skate, ou para perder a vergonha de andar de skate nas pistas, porque sempre tem vários caras olhando, julgando e eventualmente falando “gracinhas”, até mesmo para aprender a lidar e confrontar situações como o machismo, o assédio e várias outras.

Muitos deles servem também para elas se encontrarem, conhecerem novas amigas, e muito além de aprenderem manobras, trocarem experiências – e não só do skate, mas de vida! Aqui eu chamo de volta o filme Skate Kitchen, pois ele retrata muito bem essa parte além do “andar de skate”, de elas terem com quem conversar sobre seus problemas, suas dúvidas existenciais e por aí vai.

Pessoalmente eu acho incrível o poder de organização que essas gurias têm, o amor pelo skate e a vontade de fazer acontecer. Ainda mais que não é segredo algum o que infelizmente ainda acontece nos campeonatos, de ou as meninas receberem uma premiação tosca, com sobras do que foi dado para os caras, tipo um tênis 42, camisetas gigantes e por aí vai, ou nem ter premiação! Isso quando tem categoria feminina nos campeonatos.

Claro, isso está mudando aos poucos (mais lentamente do que eu gostaria que fosse), e em grande parte se deve a essa força que as gurias têm. Da coragem de gritar e jogar a m3#%@ no ventilador como se não tivessem nada a perder. Até porque em alguns casos nem têm mesmo! Tem mais é que “fazer barulho”, para serem escutadas.

E por isso eu dou tanta importância a esses coletivos! Que continuem a existir, a crescer, a fazer seus eventos e a gerar muito ruído sempre que necessário!

E principalmente, que continuem mostrando para todas as meninas que somente se organizando, se unindo e colocando a mão na massa é que o skate feminino vai continuar crescendo. Ficarem paradas esperando que as coisas aconteçam não é uma opção.

DIY, um dos fundamentos do skateboarding.

/// FONTE /// Skateboarding

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Por Sagaz

/// Diretor de Arte por profissão e Skatista da vida. Conhecido como Julio Sagaz no Vale do Paraíba/SP, skatista overall desde 1995, passando pelas marcas Ramp Real Street/Santos, Posso! Caçapava, Posso/Adidas, Posso/RedNose e DoubleM. Atualmente é diretor da agência de publicidade e criador do maior portal de skate do vale do Paraíba a Skate Vale Brasil. O portal se destaca não apenas por divulgar os principais picos de skate, pistas, principais eventos e talentos do skate, mas também por ser a única mídia de skate que inclui LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) em sua plataforma, promovendo a inclusão e acessibilidade. 🛹💥🤟🌎📌📸 #juntossomosmaisfortes #skatesalva #mapadaspistas #valedoparaibasp