Pedro Barros e Dora Varella sobrevoam espaço aéreo da Praça Duó e levam título no Park

STU Open Rio conhece últimos campeões e, no encerramento da principal competição de skate do Brasil, Pedro Barros dá bonito e importante depoimento

Dois skatistas sobrevoaram ainda mais alto o espaço aéreo da Praça Duó neste domingo (29/10), na Barra da Tijuca. Pedro Barros e Dora Varella foram os campeões da modalidade Park da sexta edição do STU Open Rio, com manobras de tirar o fôlego do público que lotou as arquibancadas e foram brindados com um verdadeiro e mais puro show de skate. Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Pedro ainda fez um desabafo bonito e importante num momento em que o mundo sofre com mazelas da humanidade.

Primeiro, vamos à competição para falar o que aconteceu no bowl da Praça Duó. No Street masculino, que encerrou o evento, já se sabia que a disputa seria do mais alto nível pelos seis skatistas que chegaram à final. Nos 40 minutos de apresentação, divididos em duas sessões de 20 minutos, com um intervalo técnico de 10 minutos entre as sessões, eles tinham 45 segundos, no máximo, para realizar sua melhor volta. Caso errassem, a volta era paralisada, chamando assim o próximo skatista. O resultado final seria a melhor volta das duas sessões.

E um novo Pedro Barros, que vive momento especial na carreira, já mostrava logo na primeira volta, avaliada pelos juízes com a nota 86,53, que seria muito difícil desbancá-lo. Augusto Akio, logo em seguida, ainda fez um 88,13 e assumia a liderança dessa corrida para lá de técnica. Mas, na terceira passagem dos skatistas pela pista, o medalhista olímpico emplacou um 89,60 e já não seria mais superado por nenhum outro, nem mesmo pelo americano Keegan Palmer, ouro no Japão na primeira aparição do skate em Jogos Olímpicos. Mas foi seu compatriota, Tom Schaar, que terminou em segundo, com Akio em terceiro.

Festa nas arquibancadas e reconhecimento geral pela performance de Pedro Barros, que andou com uma camisa estilizada da sua marca e o número 10 às costas. Nota 10, aliás, foi o longo depoimento que deu logo após mais uma conquista. Vale aqui uma atenção redobrada, numa fase em que todos precisam parar e pensar no que está acontecendo pelo mundo. Um dos donos da noite na Praça Duó merecia ser ouvido, os olhos e as atenções estavam nele. O desabafo veio de um gigante do esporte diante de toda sua humildade.

“O skate sempre foi minha ferramenta de expressão. Não comecei a andar para ganhar campeonatos, mídia, fama ou nada do tipo. Fazia para me conectar com quem sou de verdade. E ajudava, talvez, a entender um pouco mais o que é essa vida e de alguma forma fluir nela, seja para inspirar ou servir de exemplo. E durante um tempo fiz isso por uma demanda tão grande que comecei a me sentir um pouco distante do real motivo, percebia muito pouco o que acontecia a minha volta. Esse novo momento que vivo, mais reflexivo, faço por mim, não busco resultado para ganhar um novo patrocinador ou uma premiação. Busco para seguir o propósito que sinto que está dentro da minha alma, de plantar o bem e mostrar que tudo é possível”, desabafou. Mas não parou por aí:

“Sou de Florianópolis, que é uma ilha, o skate não era o mais forte lá, e acreditei muito nele e em todos que estavam à minha volta. A união fez com que tudo isso acontecesse, com toda minha família e amigos. E acho que é isso que temos que passar adiante. Realmente, juntos somos muito mais fortes. Já passou da hora de a gente parar de derramar sangue alheio, de os governos prestarem mais atenção no ser humano e pararem de ir atrás de poder e dinheiro. Que a gente possa ser uma ferramenta de mudança, senão vamos colapsar. A doença está cada vez mais forte na cabeça e no corpo das pessoas. E tudo está conectado. Temos que plantar o amor e ter respeito ao próximo. Só quero poder seguir meu propósito e viver a vida em harmonia”, finalizou

Campeã Dora Varella elogia novo formato criado no STU Open Rio

Entre as meninas, o nome da final foi Dora Varella, uma das representantes do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, encantada com o novo formato do STU Open Rio. Ao final das duas sessões de 20 minutos, sem saber que o tempo já havia se esgotado, só percebeu que era a grande campeã porque parentes e amigos já vibravam bem próximos a ela: “Eu ganhei?!” Eu ganhei?!”, repetia ela, surpresa. Não só venceu como fez questão de rebobinar a fita desta sexta edição e rever sua trajetória e a da própria competição.

“Achei esse novo formato muito divertido. Ele é bem mais denso, interessante. Você já tem que jogar as manobras difíceis desde as primeiras fases (quartas e semifinais). Até porque ninguém sabe com quem vai cair na etapa seguinte, pelo cruzamento ser diferente do que estamos habituadas. Se quer entrar nessa ou naquela bateria para passar de forma mais tranquila… Estávamos num mesmo formato há muito tempo e foi legal inovar”, disse Dora Varella.

Lembrando que, nas quartas de final, as skatistas foram divididas em quatro baterias, avançando apenas as duas primeiras de cada uma. Na semifinal, nova divisão, com duas baterias de quatro nomes, com as três melhores de cada uma se classificando para a final. Enfim, a grande decisão deste domingo, tão aguardada por todas. Principalmente por Dora, que deixou isso bem claro ao se sagrar campeã no bowl da Praça Duó, com a nota 62,17 – Raicca Ventura terminou em segundo (61,00) e Fernanda Tonissi, em terceiro (59,00).

“Estava muito ansiosa por essa final. Não via a hora de chegar para ver esse formato de dois tempos de 20 minutos, com um break no meio para respirarmos e pensarmos na estratégia. E fiquei muito feliz de já acertar, de primeira, a volta que eu queria fazer. Fiquei em choque. Mesmo finalizando com um 540º, nem foi a melhor. Numa outra depois, dei um heelflip e, sem o 540º, aumentaram minha nota para 62 e acabei terminando em primeiro. Estou sonhando. Vim para cá querendo muito ganhar o Open. A ficha vai demorar a cair”, finalizou.

O STU Open Rio 2023 foi apresentado pelo Banco BV, viabilizado pela Secretaria de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro e teve patrocínio de Monster Energy, Oi, Enel e Tiger, a cerveja oficial do STU. A Bic foi a parceira especial, com CBSk, Baw, Altermark e Eletromidia como parceiros oficiais. Contou com apoio da ABPSK e da Drop Dead, além de apoio institucional da Subprefeitura da Barra da Tijuca. Windsor e LSH by Own foram os hotéis oficiais e a Rádio Cidade, a rádio oficial do evento.

RESULTADO FINAL PARK MASCULINO

1º – Pedro Barros – 89,60

2º – Tom Schaar – 89,00

3º – Augusto Akio – 88,13

4º – Gui Khury – 86,80

5º – Keegan Palmer – 86,57

6º – Luiz Francisco – 00,00

RESULTADO FINAL PARK FEMININO

1ª – Dora Varella – 62,17

2ª – Raicca Ventura – 61,00

3ª – Fernanda Tonissi – 59,00

4ª – Yndiara Asp – 57,00

5ª – Isadora Pacheco – 54,00

6ª – Sofia Godoy – 53,63

Fotos: Pablo Vaz/STU

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Por Sagaz

/// Diretor de Arte por profissão e Skatista da vida. Conhecido como Julio Sagaz no Vale do Paraíba/SP, skatista overall desde 1995, passando pelas marcas Ramp Real Street/Santos, Posso! Caçapava, Posso/Adidas, Posso/RedNose e DoubleM. Atualmente é diretor da agência de publicidade e criador do maior portal de skate do vale do Paraíba a Skate Vale Brasil. O portal se destaca não apenas por divulgar os principais picos de skate, pistas, principais eventos e talentos do skate, mas também por ser a única mídia de skate que inclui LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) em sua plataforma, promovendo a inclusão e acessibilidade. 🛹💥🤟🌎📌📸 #juntossomosmaisfortes #skatesalva #mapadaspistas #valedoparaibasp