No feminino, brilha a experiente skatista olímpica que funciona bem sob pressão. No masculino, título surpreendente com manobra inédita.
Se na final do Street feminino em Criciúma (SC) pesou a experiência de uma atleta olímpica que funciona bem sob pressão, no masculino o que falou mais alto foi a juventude misturada à ousadia de um skatista de 20 anos. Neste domingo (26/02), na pista do Parque Municipal Prefeito Altair Guidi, os paulistas Pâmela Rosa e Ismael Henrique foram os grandes campeões da etapa de abertura do STU National 2023, o circuito brasileiro de skate. Curioso que o título de ambos foi decidido com dose extra de emoção, em suas últimas voltas.
Na final, cada skatista tem direito a três voltas de 45 segundos, mais uma Bomb Trick no encerramento de cada uma delas, manobra que vale 20% da pontuação da volta. A bicampeã mundial Pâmela Rosa falhou nas duas primeiras, mas ainda tinha a última chance para mostrar do que era capaz. E é justamente nos momentos de pressão que os gigantes e os foras de série do esporte se diferenciam. Com uma volta limpa, praticamente perfeita, ela conseguiu superar a nota 61,11 de Gabi Mazetto, cravando um 63,10, e fez a festa. Com puxão de orelhas.
“Minha mãe e meu pai vão querer me bater! Assim, vou acabar matando eles do coração! Sempre falo, acho que isso está dentro de mim: quanto mais pressão, melhor, me deixa mais calma. Se está tudo quieto, não gosto, acabo errando tudo. Sou são-paulina, né?! Então, explica tudo. Na última volta, saiu tudo naturalmente. Andei de skate na maior leveza, estou muito cansada, porque a pista é longa, o formato é diferente, mas estou muito feliz e é bem gratificante estar aqui em Criciúma”, desabafou Pâmela, vice-campeã na mesma pista em 2022.
A média de idade das meninas na grande final era de 19 anos, o que é muito comemorado por aqueles que acompanham o esporte de perto e investem no futuro de atletas jovens e promissores. A amazonense Daniela Vitória, por exemplo, que terminou em sétimo lugar, mas fez uma etapa muito consistente, tem apenas 13 anos. A carioca Duda Oliveira, outro destaque dessa nova geração do skate brasileiro, tem 14. São cada vez mais nomes ganhando espaço na cena.
“Acreditamos que, além dos profissionais, os atletas amadores são importantes para o desenvolvimento do esporte. O estilo de vida do skate tem tudo a ver com o que almejamos na vida, reforçando o respeito às diferenças para aumentar a integração das pessoas e da sociedade. O skate é uma poderosa ferramenta de evolução. E nossa parceria com o STU representa bem esse valor. A plataforma contempla esporte, cultura, amantes, amadores e profissionais do esporte, assim como nosso propósito de apoiar e facilitar a vida das pessoas”, diz Tiago Soares, gerente executivo de Marketing institucional e ESG do banco BV.
A etapa era mesmo de Ismael, que por muito pouco não ficou fora
No masculino, pode-se dizer que a tensão foi ainda maior. E, em relação a Ismael Henrique, não começou neste domingo. Na quinta-feira, dia das qualificatórias, seu ônibus que vinha de São Paulo perdeu a hora e ele por muito pouco não ficou fora da etapa. Ele era um dos skatistas da primeira bateria, mas a organização entendeu o motivo do atraso e o realocou para a última bateria do dia. Superação que esse paulista de Itaquaquecetuba também teve que mostrar neste domingo, numa última volta de tirar o fôlego, finalizando com um “Nollie 270 blunt”.
“Nessa noite, estava cansado, morrendo de sono, por estar disputando a etapa desde quinta-feira, mas praticamente não dormi direito, porque a ansiedade foi lá em cima, muita pressão. Tive que me controlar e respirar fundo. Levantava, assistia TV, montei skate, desmontei, colei adesivo… Nesse tempo acordado, aproveitei para pensar nessa linha, que eu achava ser aquilo que precisava para chegar ao pódio e até conquistar o primeiro lugar. Deus abençoou, deu tudo certo e estou feliz demais”, relatou Ismael.
Assim que ele acertou essa última manobra, praticamente inédita, muito difícil de ser executada, a pista foi automaticamente invadida pelos demais skatistas que ali disputavam a final com ele. Parecia até que já eram mesmo a volta e a manobra do título, dignas da nota 70,56, mas outros ainda poderiam superá-lo. Como Vini Costa, que sobrava na pista até então e acabara de ser superado. Na sua última tentativa, melhorou sua nota, mas só atingiu os 68,65. A festa, realmente, já tinha dono.
“Isso é muito incrível (invasão da pista após a manobra). Na minha visão, só no skate existe isso. É uma união muito grande, um sempre torcendo pelo outro. E todos que estavam ali são pessoas em quem me inspiro desde pequeno, e minha satisfação de correr com eles é inexplicável. Comecei no skate aos 4 anos de idade, com 8 já comecei a participar de eventos mirim. Na rua da minha casa tem uma pista de skate e conseguimos uma reforma pra ela, que vai começar no mês que vem. Agradeço a minha mãe, que sempre me apoiou, mandando eu seguir, dando aquele empurrão. Hoje, estou aqui, mas ainda é só o começo”.
A primeira etapa de 2023 do STU National conta com patrocínio do banco BV, um dos maiores bancos do país, que apresenta a plataforma STU, e da Monster Energy, e é homologada pela CBSk. É viabilizada pela Prefeitura através da Fundação Municipal de Esportes de Criciúma e tem como parceiro especial o Nações Shopping (Almeida Júnior), além dos parceiros oficiais Baw, Drop Dead, Rock City, UNESC e Nissan Vip Car.
CLASSIFICAÇÃO FINAL STREET FEMININO
1 – Pâmela Rosa – 63,10
2 – Gabi Mazetto – 61,11
3 – Ariadne Souza – 50,06
4 – Giovana Dias – 49,80
5 – Kemily Suiara – 49,69
6 – Duda Oliveira – 49,29
7 – Daniela Vitória – 47,24
8 – Maria Almeida – 34,28
CLASSIFICAÇÃO FINAL STREET MASCULINO
1 – Ismael Henrique – 70,56
2 – Vinícius Costa – 68,65
3 – Giovanni Vianna – 61,19
4 – Gabryel Aguilar – 60,51
5 – Lucas Rabelo – 56,34
6 – Júlio Zanotti – 50,99
7 – João Lucas Alves – 48,48
8 – Sérgio André – 48,00