Integrante da equipe brasileira na Olímpiada de Tóquio, atleta conversou com “Glamour Brasil” sobre sua carreira, as dificuldades que enfrenta e como foi a estreia da seleção nos jogos.
Dora Varella é uma das apostas brasileiras quando falamos de skate. Uma das três atletas que representaram o Brasil na Olímpiada de Tóquio, a primeira na qual o esporte fez parte, bateu um papo com a Glamour Brasil sobre seu início na modalidade, o preconceito que enfrenta na profissão, quais os desafios e dá conselhos para as jovens que se espelham nela.
Dora Varella: Meu primeiro contato com o esporte foi quando eu ainda era criança, durante a minha infância brincava com o skate do meu primo. Com dez anos, pedi de natal um skate para a minha avó, estava brincando no quintal nas férias escolares e meu pai deu a ideia de irmos para uma pista de skate. Chegando lá me encantei pelas rampas e viciei logo de cara.
Quais foram os caminhos até conseguir se profissionalizar?
Sempre pratiquei o esporte como forma de diversão. Tudo aconteceu de forma muito natural. Em 2013, participei do Circuito Futuro da Nação, em São Paulo, e consegui alcançar o pódio em boa parte das etapas, o que me fez criar gosto pelas competições. Foi participando dos campeonatos que, ao longo dos anos, conquistei alguns títulos como três títulos mundiais, dois Pan-Americanos e dois nacionais como skatista amadora. Em 2019, me tornei profissional e entrei para a primeira Seleção Brasileira de Skate. Tenho muito orgulho da minha trajetória e me sinto realizada por ter o privilégio de viver fazendo o que amo.
Como foi chegar até a Olimpíada de Tóquio?
Foi diferente de todos os campeonatos que já participei. Claro que a pressão acaba sendo maior, mas a energia da competição foi incrível. A torcida do Brasil e todos acompanhando a nossa modalidade foi realmente especial. O que me fez ficar mais tranquila e seguir com o meu objetivo de acertar as linhas. Dei o meu melhor e fiquei muito satisfeita com o resultado, participar da estreia do skate nos jogos e ser finalista me deu mais motivação para seguir com foco na conquista de uma medalha nas próximas olimpíadas.
O universo do skate é machista? Como você enxerga isso?
Nunca fui diretamente desrespeitada, mas mesmo sendo bem acolhida por onde andava. Já escutei comentários machistas como “você anda bem para uma menina”. Esses tipos de comentários me motivam a provar como eles estão errados. Quando comecei a andar até o cenário atual houve um crescimento gigantesco de mulheres no esporte. Hoje é até corriqueiro encontrar mais meninas do que meninos nas pistas que frequento. O nível do skate feminino brasileiro e mundial está crescendo muito rapidamente, mostrando como esse preconceito com as mulheres no esporte não tem sentido. Com as olimpíadas já podemos notar o aumento de praticantes no esporte, principalmente mulheres que se interessaram em começar.
Você consegue focar apenas no skate ou precisa dividir o dia a dia com outra profissão?
Por ser skatista profissional, dedico minha rotina aos treinos técnicos, preparação física, fisioterapia, competições e aos rolês de skate com os amigos, que é minha diversão e ao mesmo tempo meu treino. Também concílio com ações de patrocinadores, demos, tours e jobs publicitários.
Acha que falta patrocínio ou melhorou depois dos Jogos Olímpicos?
Os jogos olímpicos proporcionaram muita visibilidade ao esporte, atraindo marcas e empresas no investimento do skate. Fico feliz por essa melhora e espero que o incentivo ao skate continue crescendo cada vez mais. Isso é muito positivo para descoberta de novos talentos e para o desenvolvimento do esporte no Brasil. Embora existam empresas que patrocinam o esporte, o volume ainda é muito pequeno, principalmente para as mulheres.
Qual conselho você dá para quem está começando no skate?
Sempre faça por diversão e nunca desista dos seus objetivos, mesmo que eles pareçam distantes. O resultado vem com a prática, foco e disciplina.
/// Fonte Glamour