O GUIA DE PAPEL DA VELHA ESCOLA QUE AJUDOU A IMPULSIONAR O SKATE NO BRASIL

https://youtu.be/-YlOZ74Urf4

A história de Marcos Hiroshi, skatista brasileiro, que no início deste século foi o responsável por mapear todos os skateparks e picos de skate do Brasil em um guia para a revista ‘ 100% Skate ‘.

Se tem uma coisa que a gente sabe na Trucks and Fins é quanto tempo e trabalho dá para fazer um mapa de skate, mas fazer isso na época que não tinha internet, é uma loucura. Naquela época tudo tinha que ser feito à “velha escola”, enviar as coisas pelo correio. Mas, Marcos fez o impossível acontecer e até achou uma pista de skate no meio do nada na selva amazônica! Vinte anos depois, ele ainda diz com orgulho que este foi um momento chave para colocar a comunidade em contato com o skate. Um guia de skatepark em uma revista que reuniu os skatistas do Brasil e criou uma “onda de skate”, que resultou no que vemos hoje.

Quando você começou a patinar?

Eu tinha três anos, quando meu pai me comprou um skate de brinquedo. Ficou mais sério quando eu tinha uns oito anos, quando comecei a pedalar pelas ruas de São Paulo. Quando eu tinha cerca de quatorze anos, meus amigos e eu encontramos um bom lugar, longe de casa. Aqui a gente fazia wallrides e outras manobras, mas um dia veio um segurança, pegou nossos skates e ligou pro meu pai. Ele não ficou incrivelmente feliz com isso e eu fui proibido de andar de skate. Só aos dezesseis anos, quando consegui meu primeiro emprego, consegui um skate novamente e nunca mais parei.

Então você se tornou um profissional.

Sim, foi em 2003. Consegui um patrocinador depois de participar de algumas competições juvenis.

Mas não foi o suficiente, no entanto.

Sim. Trabalhei em um banco na mesma época porque me formei em administração. Mas o banco foi vendido e todas as pessoas do meu departamento foram demitidas. Pensei: ‘Vou me dedicar cem por cento ao skate com a remuneração que recebi’. Infelizmente, o dinheiro acabou e tive que procurar outro emprego.

Aí você se deparou com a revista ‘Skate Cem por cento’.

A Cem por Cento skate  é uma revista brasileira, 100% dedicada ao skate. Eles começaram um projeto no início do século e queriam criar o primeiro guia de skatepark do Brasil. Fui escolhido para abraçar este projeto.

Então, fazer um catálogo de skatepark do zero em um país enorme como o Brasil, no início dos anos 2000. Um grande empreendimento.

Sim, meus caras pensaram que estaria pronto em três meses…

Demorou um pouco mais, imagino…

[ele ri]. Levei um ano e meio. Lembre-se: no início deste século não havia internet. Tive que enviar cartas manuscritas, pedindo que preenchessem um formulário sobre todas as características do parque, imprimissem fotos e mandassem tudo pelo correio. Telefonei para todo mundo para saber se conheciam alguém que conhecesse alguém que conhecesse um bom lugar, coisas assim. Foi assim que conheci muita gente de todo o país e fiz amizades que ainda duram duas décadas depois.

Quantos skateparks no Brasil você reuniu nesse guia?

Fizemos isso em etapas: 427 parques em nossa primeira edição em 2002, depois aumentamos para 721 parques em 2004 e em 2006 tínhamos um total de 1024 pistas e picos. Foi um ‘trabalho de formiga’, como dizemos no Brasil.

Que características distintivas você tinha?

O mesmo que você encontra hoje e alguns outros avisos, como ‘ei, este lugar é perigoso, você deve ir com um piloto local, não vá sozinho’. Adicionamos uma escala de perigo e coisas assim.

Qual foi o skatepark mais exótico que você encontrou?

Conseguimos encontrar um parque na Floresta Amazônica, bem no meio da selva. E eles eram alguns outros parques bizarros também. Por uma total falta de critério em gastar o dinheiro público tínhamos todo tipo de spot maluco: corrimão largo, um quarterpipe virado para uma parede… Fizemos observações na descrição dos spots como ‘tem esse lugar mas é horrível’.

/// FONTE Trucks and Fins

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Por Sagaz

/// Diretor de Arte por profissão e Skatista da vida. Conhecido como Julio Sagaz no Vale do Paraíba/SP, skatista overall desde 1995, passando pelas marcas Ramp Real Street/Santos, Posso! Caçapava, Posso/Adidas, Posso/RedNose e DoubleM. Atualmente é diretor da agência de publicidade e criador do maior portal de skate do vale do Paraíba a Skate Vale Brasil. O portal se destaca não apenas por divulgar os principais picos de skate, pistas, principais eventos e talentos do skate, mas também por ser a única mídia de skate que inclui LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) em sua plataforma, promovendo a inclusão e acessibilidade. 🛹💥🤟🌎📌📸 #juntossomosmaisfortes #skatesalva #mapadaspistas #valedoparaibasp